Paixão de Jesus
Alexandrina participou verdadeiramente, no seu corpo e no seu espírito, na Paixão de Jesus. Jesus foi preparando Alexandrina para esta grande co-redenção e esta vivência mística, embora fosse evoluindo, esteve presente na vida de Alexandrina até à sua morte.
Numa carta de 1934, Alexandrina escreve o primeiro anúncio divino para a sua futura vivência, no corpo e na alma, da Paixão de Jesus:
«Quinta feira, dia 6, o Sr. Abade veio trazer Nosso Senhor a uma doente minha vizinha, e ao mesmo tempo trouxe também para mim. Depois de comungar, não sei como fiquei; estava fria, parecia-me que não sabia dar graças. […] Parecia-me ouvir dizer:
“Dá-Me as tuas mãos, que as quero cravar comigo; dá-Me os teus pés, que os quero cravar comigo; dá-Me a tua cabeça, que a quero coroar de espinhos, como Me fizeram a Mim; dá-Me o teu coração, que o quero trespassar com a lança, como Me trespassaram a Mim; consagra-Me todo o teu corpo; oferece-te toda a Mim, que te quero possuir por completo.”»
Cartas ao Padre Mariano Pinho; 08/09/1934
De verdade, Alexandrina viveu, no seu corpo e na sua alma, a Paixão de Jesus desde o Horto das Oliveiras até ao Calvário. A primeira Paixão visível deu-se em outubro de 1938 e a última em março de 1942. Aconteciam às sextas feiras por um período médio de 3 horas.
A inteligência humana questiona-se ao tentar compreender como uma doente paralisada vive em si a Via Sacra mas “para Deus nada é impossível.” (Lc 1;37) São numerosas as provas: registos escritos, gravações, testemunhos, relatórios, etc…
Na manhã de 2 de outubro de 1938, Jesus disse-lhe “que iria passar por toda a Sua Santa Paixão, do Horto ao Calvário, só não chegaria ao “Consummatum est”. Seria a primeira vez no dia 3, e depois ficaria a passar pela Paixão todas as sextas feiras, pouco depois do meio-dia, às 3 horas, mas na primeira vez ficaria até às 6 horas, a desabafar comigo, fazendo-me os Seus queixumes.
Não disse que não a Nosso Senhor. Preveni o meu Diretor Espiritual de tudo que Nosso Senhor me disse. Esperava o dia e a hora com grande aflição, pois nem eu nem o meu Diretor fazíamos ideia do que se ia passar. Na noite de 2 para 3 de outubro, se era grande a agonia da alma, também foi grande o sofrimento do meu corpo, começando a vomitar sangue e a sentir dores horríveis. Vomitei bastantes dias seguidos e, durante cinco dias, não tomei alimento algum. Foi neste sofrimento que eu fui para a primeira crucifixão. Que horror eu sentia em mim! Que medo e até pavor!… É indizível a minha aflição.»
Autobiografia